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O Cinema e a Fronteira
Cinco anos. Se me permitem, uma breve retrospectiva.
Não tem como falar do Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira, sem pensar na carretera Transoceânica que liga o Brasil pelo estado do Acre até o Porto de Ilo, no Oceano Pacífico, no Peru. Pois, a história do Festival confunde-se com a conclusão das obras da estrada.
Acompanhei o estágio final da construção, já que, na época, fui contratado pela Ong Amazonlink.Org para fazer um vídeo sobre a iniciativa MAP, a sigla dos três Estados fronteiriços que seriam afetados diretamente pela grande obra amazônica: Madre de Dio-Peru, Acre-Brasil e Pando-Bolívia. Na oportunidade, conheci muita gente interessante, como o Padre René que vivia em Ibéria – PE e denunciava os grandes impactos que a obra, inegavelmente, causaria na região.
Desmatamento. Êxodo de trabalhadores dos andes para a selva. Prostituição Infantil. Aumento da mineração. Crescimento desordenado das cidades, entre tantos outros. Muito discutia-se sobre os impactos negativos e sobre os negócios, e pouco se pensava na potencialidade do intercâmbio cultural e crescimento da economia criativa que a estrada poderia fomentar. Países tão próximos, porém, que viviam de costas um para o outro.
Em 2009, fiz uma grande viagem por toda Bolívia. Na ocasião, conheci um cinema e um país incrível que eu desconhecia quase por completo. Em minha época de faculdade, estudei os grandes diretores brasileiros, europeus e americanos e, praticamente, nada de cinema latino. No salar de Yuni, entre deserto, sal e cactos, a ideia do Pachamama – Cinema de Fronteira começa a ser formulada. Um festival que pudesse discutir temas comuns, promover a fruição de filmes latinos e o intercâmbio cultural. Porém, não sabia por onde começar.
Em um destes encontros que a vida promove – pois assim tem de ser, no final de 2009 fui representar o Fest Cineamazônia, também nosso parceiro e incentivador, no Festival de Atibaia e conheci o boliviano Marcelo Cordero, ativista cultural e criador da Yanemarai Films. Ali, graças a este encontro, nasceu, de fato, o Pachamama – Cinema de Fronteira. Era preciso um espaço de encontro e integração, uma plataforma regional para a nossa produção. A estrada deveria ser um caminho de reencontro e Rio Branco uma vitrine de apresentação de nossos produtos culturais para a região fronteiriça. Em 2010, na sua primeira edição, reinauguramos o Cine Recreio, nosso principal ponto de exibição. Nesses cinco anos, ainda não encontramos seu formato ideal – creio que nunca encontraremos. Porém, temos buscado, a cada edição, ganhar mais fôlego, dialogar com a realidade regional, trazer temas pertinentes ao mundo que nos cerca, promover o nosso cinema – este desconhecido – homenagear nomes significativos da cinematografia latina, com atenção especial a indígena, fazer uma ponte entre a arte e os movimentos socioambientais, se aproximar da academia, formar uma rede de distribuição e promoção, firmar parcerias com outras ações e festivais, descentralizar e democratizar cada vez mais as nossas ações, refletir a identidade amazônica/andina, contribuir na formação dos profissionais locais e atuar na formação do olhar plural.
Finalizo com a certeza de que só chegamos nestes cinco anos, sendo o Festival reconhecido pela revista LatAm de Cinema como um dos 25 festivais mais promissores do mundo, pois muita gente acreditou neste sonho. Registro aqui, em nome de toda equipe do Festival, nosso muito obrigado a todos os parceiros, apoiadores e patrocinadores.
Como sempre digo, inspirado no Raul: “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que sonha só. Mas um sonho que sonha juntos é realidade”.
Sérgio de Carvalhothe application was designed to be the main channel of festival programming display pachamama
The Cinema and the Border
Five years. If I may, a retrospective soon.
There's no way to speak of the International Festival Pachamama - Border Cinema, without thinking of the Transoceanic carretera linking Brazil by the state of Acre to the port of Ilo in the Pacific Ocean, Peru. For the history of the Festival is confused with the completion of the road works.
I followed the final stage of construction, since at the time I was hired by the NGO Amazonlink.Org to make a video about the MAP initiative, the acronym of the three border states who would be directly affected by the large Amazon work: Madre de Dio-Peru, Acre-Pando-Bolivia and Brazil. On that occasion, I met lots of interesting people, like Father René who lived in Iberia - PE and denounced the severe impacts that the work undeniably cause in the region.
Deforestation. Exodus of workers from the Andes to the jungle. Child prostitution. Increased mining. Overcrowded cities, among many others. Much was discussed about the negative impacts and impacts on business, and little is thought about the potential of cultural exchange and growth of the creative economy that the road could foster. Countries so close, however, that lived back to back each other.
In 2009, I made a long journey throughout Bolivia. At the time, I met a cinema and an incredible country unknown to me almost completely. In my college days, I studied the great Brazilian, European and American directors and practically nothing of Latin cinema. The salar of Yuni, between desert, salt and cacti, the idea of Pachamama - Border Cinema begins to be formulated. A festival that could discuss common issues, promote the enjoyment of Latino films and cultural exchange. But did not know where to start.
In one of these meetings that life promotes - for thus it has to be at the end of 2009 I was representing Fest Cineamazônia also our partner and supporter in Atibaia Festival and met the Bolivian Marcelo Cordero, cultural activist and creator of Yanemarai Films. There, thanks to this meeting, was born, in fact, the Pachamama - Border Cinema. It took a meeting space and integration, a regional platform for our production. The road should be a reunion path and Rio Branco a presentation to showcase our cultural products to the border region. In 2010, in its first edition, we reinauguramos Cine playground, our main point of view. In these five years, we have not found your ideal shape - I believe we'll never find. However, we have sought, in each edition, earn more breath, talk to the regional reality, bringing relevant issues to the world around us, promote our cinema - this stranger - honor meaningful names of Latin cinema, with special attention to indigenous, do a bridge between art and movements social and environmental, to approach the academy, form a network of distribution and promotion, establish partnerships with other actions and festivals, decentralize and democratize increasingly our actions, reflect the identity Amazon / Andean contribute in training of local professionals and act in the formation of the plural look.
I conclude with the certainty that only got these five years, the Festival recognized by LatAm Cinema magazine as one of the 25 most promising festivals in the world, as many people believed in this dream. Record here, on behalf of the whole team of the Festival, our thanks to all partners, supporters and sponsors.
As I always say, inspired by Raul: "A dream you dream alone is only a dream that dream alone. But a dream that dream together is reality. "
Sergio de Carvalho
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